Resenha: Estilhaça-me, de Tahereh Mafi

Título Original: Shatter Me
Autora: Tahereh Mafi
Nº de Páginas: 304
Editora: Novo Conceito
Classificação: ♥ ♥ ♥ ♥ ♥
Encontre o livro: Skoob | Saraiva

Juliette não toca alguém a exatamente 264 dias. A última vez que ela o fez, que foi por acidente, foi presa por assassinato. Ninguém sabe por que o toque de Juliette é fatal. Enquanto ela não fere ninguém, ninguém realmente se importa. O mundo está ocupado demais se desmoronando para se importar com uma menina de 17 anos de idade. Doenças estão acabando com a população, a comida é difícil de encontrar, os pássaros não voam mais, e as nuvens são da cor errada. O Restabelecimento disse que seu caminho era a única maneira de consertar as coisas, então eles jogaram Juliette em uma célula. Agora muitas pessoas estão mortas, os sobreviventes estão sussurrando guerra – e o Restabelecimento mudou sua mente. Talvez Juliette é mais do que uma alma torturada de pelúcia em um corpo venenoso. Talvez ela seja exatamente o que precisamos agora. Juliette tem que fazer uma escolha: ser uma arma. Ou ser uma guerreira.

"Sedutor, intenso e cheio de romance. Estou com inveja. Não consegui parar de ler"

 A frase acima, que aparece na capa e é da autora best-seller Lauren Kate, define exatamente o que achei do livro.
 Estilhaça-me é o primeiro livro da trilogia e conta a história da adolescente Juliette, que desde que nasceu tem um estranho poder de causar agonia às pessoas apenas pelo toque. Isso leva a garota a ser rejeitada pelos pais e sofrer buylling na escola, sempre sofrendo por ninguém se aproximar dela, sempre a tratando como um monstro, a não ser um estranho garotinho que a defende.

 Meus pais pararam de me tocar quando passei a engatinhar. Fiz meus colegas de classe chorar só por lhes segurar as mãos. Os professores me faziam trabalhar sozinha para que eu não machucasse as outras crianças. Nunca tive um amigo. Nunca conheci o aconchego do abraço de uma mãe. Nunca senti a ternura do beijo de um pai. Eu não sou louca.
 Pág. 23

 
 O tempo passa e Juliette, tentando salvar uma criança das garras da mãe cruel, acaba matando o bebê por acidente, e então é presa em uma mistura de manicômio e prisão, vivendo em condições sub-humanas.

 Há 264 dias presa sem tocar ninguém, sem ver o mundo a sua volta, as coisas parecem finalmente começar a mudar quando Juliette ganha um inusitado companheiro de quarto, Adam, um bad boy tatuado e com os olhos mais lindos que Juliette já viu. No primeiro momento ele parece desprezá-la, mas a convivência faz com que os dois comecem a se aproximar, e Juliette luta para não tocá-lo.

-Você não pode me tocar - sussurro. Estou mentindo, é o que não digo à ele. Ele pode me tocar, é o que nunca lhe direi. Por favor, toque-me; é o que quero lhe dizer.
 Mas coisas ruins acontecem quando as pessoas me tocam. Coisas estranhas, coisas ruins.
 Coisas mortas.  
Pág. 13 

 A história é uma distopia e se passa em um mundo caótico onde não há ar puro para respirarmos, comida para comermos, água, animais, tudo está perto do fim. É por isso que, antes que o ser humano acabe consigo mesmo surge O Restabelecimento, que com o tempo, mostra não ser uma salvação, mas algo muito mais complexo, colocando medo nas pessoas, repreendendo os rebeldes que não concordam com seus comandos.

 "Nossa população estava morrendo a uma taxa alarmante antes de  O Restabelecimento tomar o comando com a promessa de que tinham uma solução. [...] O Restabelecimento prometeu que consertaria as coisas, no entanto, mesmo que a saúde humana tenha encontrado um pouquinho de alívio sob o novo regime, no fim das contas morreram mais pessoas de uma arma carregada do que de um estômago vazio. E está ficando pior."
 Pág 29.

 Um personagem que também merece destaque é um dos líderes do Restabelecimento, Warner, que quer Juliette de qualquer jeito pois é fascinado por seu poder e acredita que juntos, eles podem conquistar o mundo. Warner é um personagem complexo. Desde a hora em que ele aparece na história, eu já decidi que o odeio, mas se formos ver bem talvez as coisas que ele faça nem sempre sejam porque ele quer, talvez seja parte de uma obsessão, de uma loucura. É mais um motivo para ler o próximo livro e entender mais sobre o personagem, decidindo se ele é mal mesmo, ou louco.

O livro é narrado por Juliette e assim podemos saber mais o que se passa em sua cabeça. A narrativa é incrível! Como ela escreve o tempo todo em um caderno, algumas partes do livro são riscadas, como um pensamento que deve ser esquecido ou contradição entre o que ela pensa e o que deveria pensar, e as vezes ela repete algumas frases muitas vezes, ou então faz um parágrafo corrido sem vírgulas ou pontos, o que dá originalidade e intensidade à escrita o que torna impossível de largar o livro. É aquele tipo de história que te prende desde as primeiras páginas.
 Uma coisa legal também foi que antes de eu começar a ler o livro, eu ouvia as pessoas falando muito sobre sua semelhança com o desenho (ou filme, se preferirem) X-Men, e no final realmente essa semelhança é consolidada, pelo rumo que a história toma e até mesmo pelo poder de Juliette, que nos faz lembrar da personagem Vampira, do desenho.
 A história ao todo é de te tirar o fôlego em diversos sentidos e teve momentos que eu queria gritar de tanta ansiedade pra saber o que ia acontecer, e o final não deixou a desejar, acabando em um ponto em que esperamos muito para saber o que acontece em seguir.
 Recomendo muito, é uma leitura pra não colocar defeito.